A Hora De Jogo Diagn Stica
Durante a hora lúdica não é necessário que a criança permaneça o tempo todo brincando. Há silêncios eloqüentes como os dos adultos, há momentos de inatividade que não significam passividade, assim como há muitas conversas que não podem ser consideradas como comunicação e atividades que tampouco podem ser consideradas como tais.
Um paciente pode chegar e contar tudo o que fez na escola como se estivesse simplesmente relatando um noticiário, carente de qualquer emoção. A nossa contratransferência será de falta de aborrecimento. Esse é o sinal de que esse “blá-blá-blá” serve somente para encobrir o silêncio e deixar-nos confusos. O mais oportuno seria interrompê-lo e dizer-lhe: “Bem, agora vamos falar do motivo que traz você aqui, o que acha?”
Alguém comentou comigo em certa ocasião que teria entendido que a primeira entrevista com o paciente devia ser livre e projetiva e o profissional não deveria falar durante 45 minutos, após os quais poderia começar uma entrevista mais estruturada. Considero que se o paciente falar todo esse tempo podemos escutar sem interrupção nenhuma, mas se ele permanecer calado, essa postura será insustentável tanto para ele quanto para o psicólogo. Essa indicação é uma má interpretação do que seria uma atitude não intervencionista, não interferente, para recolher a produção espontânea do paciente.
O papel do psicólogo na hora de jogo diagnóstica é o de um observador não participante. Mas essa não participação tem um limite. Existem crianças que ao chegar já solicitam que façamos alguma coisa com elas. Essa pode ser a forma que elas encontram para manter-nos entretidos porque temem que possamos fazer-lhe algum mal, uma sedução por motivos mais ou menos semelhantes, ou então, uma verdadeira forma de buscar contato. Como negar-lhes esse contato? No máximo procuraremos não misturar as nossas projeções com as suas, da mesma forma que faríamos em uma hora terapêutica.
Responder ao pedido de brincar é