A história do Rock Progressivo Brasileiro – Parte 1
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Durante o “Seminário 1968: Trinta anos depois” que aconteceu em 1998 no auditório do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da UNICAMP, Renato Tapajós – jornalista e cineasta que viveu esses anos loucos – disse que:
“o que ocorre na criação artística do período é uma grande explosão nos anos 60, uma promessa muito grande de novas formas e novas propostas e, depois, um estiolamento, um quase deserto nos anos 70.” [1]
Essa concepção dos anos 70 como um deserto cultural é baseada principalmente no fato de que o Ato Institucional Nª 5 baixado em 13 dezembro de 1968 pelo Regime Militar sob a égide do presidente Costa e Silva – considerado um golpe dentro do golpe-, cerceava as liberdades individuais. O texto que legitima o AI-5[2], busca pra si os estandartes da dignidade humana, moral e bons costumes cívicos e culturais contra aquilo que considera “subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo”. Justificando a repressão que vai se seguir, o discurso articulado no AI-5 diz que para tentar manter a “revolução” iniciada em 1964, que trouxe tranqüilidade, ordem, segurança e desenvolvimento econômico e cultural, além da harmonia política ao país, o presidente deve ter o poder de decretar recesso do Congresso Nacional, das Assembléias legislativas e das Câmeras de vereadores. Além de todos os direitos políticos e algumas garantias constitucionais serem suspensas às pessoas comuns. Em suma, o regime finalmente poderia agir livremente contra aqueles diversos movimentos que considerava seu inimigo, desde a guerrilha armada a movimentos culturais como o tropicalismo. Instalando assim, uma repreensão ferrenha do campo cultural.
O AI-5 visava sobretudo abolir de uma vez por todas a ameaça das guerrilhas armadas à “revolução de 64”, no entanto o que se viu de fato após a decretação do ato foi um alargamento vertiginoso das forças