A guerra civil na Síria e as novas conformações no mundo árabe e islâmico
A guerra civil na Síria e as novas conformações no mundo árabe e islâmico
Comentário inicial: Às vésperas de um ataque da Marinha dos EUA contra as posições do governo de Hafez El-Assad, trago de volta este texto escrito para a primeira quinzena de julho e ainda inédito no portal. Como explico abaixo, infelizmente a Causa Árabe e as intenções anti-imperialistas na região se viram subordinadas às lógicas da geopolítica de Estados pivôs como Turquia, Irã e Arábia Saudita. O fim de um regime ditatorial termina como o início de uma guerra civil entre sunitas e xiitas em larga escala. A próxima década é de pura incerteza nos teatros mais duros do tabuleiro da Eurásia.
O Estado sírio vinha sendo governado há décadas por uma tríade. A alta oficialidade de carreira vinculada ao Baath (Partido Nacional Árabe), uma herança não programática dos tempos do pan-arabismo sob inspiração Nasserista; pelo clã dos al-Assad – o atual, Bachar, como seu pai Hafez , agindo como ditadores seculares quase déspotas; e, não menos importante, pelos alauítas, um ramo do islamismo de origem xiita radicado na região.
É a partir destas relações de alianças que se conformam tanto os blocos de apoio ao contestado regime do Baath e dos Assad, como os grupos que contra este poder estabelecido e institucionalizado - mesclando-se com o Estado - se formam. Sem cairmos em ilusões típicas de uma mirada mais ocidental sobre a região, a primeira exclusão é de que o setor liberal, democrático e secular praticamente inexiste na rebelião síria. Portanto, a revolta que também é pelos direitos fundamentais, não implica em construir uma democracia estável e sim a ascensão ao poder dos grupos excluídos do mesmo pelos Assad. Se não há