A formação social da amazônia sob a perspectiva de gênero
Iraíldes Caldas Torres (UFAM)
Gênero, Amazônia, Formação Social
ST 19 - Intersecções entre gênero e sociodiversidade amazônica
No mito das amazonas aparece claramente a recriação e migração desse mito da antiguidade para o universo indígena. No final do século XV, Cristóvão Colombo enviou uma carta a Luis de Santángel dando notícias de que havia uma ilha caribenha habitada somente por mulheres. Mahn- Lot (1984:102-105), reproduz a carta de Colombo nos seguintes termos: numa ilha que é a segunda quando se chega às Índias habitam homens que são tidos por mui ferozes e que comem carne humana... Eles se unem a algumas mulheres que habitam sozinhas, uma ilha chamada Motenin. Essas mulheres não se entregam a nenhuma ocupação própria a seu sexo; servem-se de arcos e flechas e protegem-se com laminas de cobre, metal que possuem em abundância.
Percebe-se que Colombo não utiliza o termo amazonas o que não impede que se estabeleça de imediato uma associação com o mito da antiguidade. A sua carta enviada à autoridade genovesa prestando conta de sua viagem pelas Américas, “deixa implícita a existência real da província feminina no Novo Mundo” (UGARTE, 2003,p.12.).
No século XVI, a expedição conquistadora de Gonzalo Pizarro partia de Quito/ Peru rumo às regiões situadas no leste dos Andes, conhecidas como Província da Canela, denominação que recebia por causa de árvore de canela lá existente em grande proporção. Embora a hoste conquistadora de Pizarro tenha sido abastecida de mantimentos e gêneros alimentícios necessários para prover a sua tripulação, a reserva de alimentos chegava ao fim causando mal-estar entre os presentes. Numa situação de preemêcia e desespero, a solução encontrada por Gonzalo Pizarro (...) foi enviar uma pequena tropa para buscar alimentos na região de confluência do rio Coca com o rio Napo. O comando da tropa de 59 homens foi confiada por Pizarro ao capitão Francisco de Orellana (Ugarte,