A festa de nossa senhora santana-a luta pelo território étnico de alcântara maranhão

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A Festa de Nossa Senhora Santana: luta pela permanência no território étnico de Alcântara1 Maria Suely Dias Cardoso UFMA\GERUR-MA No presente texto busco refletir sobre os significados da festa de Nossa Senhora Santana, para os moradores do povoado Santana de Caboclos, em Alcântara, Maranhão. A manifestação religiosa ocorre anualmente nessa comunidade assumida como remanescente de quilombo -, nesse município. Trata-se de um ritual de agradecimento pelo uso da terra, considerada por seus moradores como sendo de propriedade da santa. É o evento religioso considerado pelos moradores, dentre os demais, como o mais importante, para o qual se preparam durante o ano todo. Busco saber em que medida podemos afirmar que se trata de um ritual de resistência na luta pela permanência no território, constituindo-se num instrumento que reforça a identidade étnica do grupo. Palavras-chave: festa, identidade, território étnico

As considerações aqui apresentadas resultam de duas pesquisas de campo realizadas em distintos momentos na comunidade remanescente de quilombo conhecida como Santana de Caboclos. A primeira refere-se ao projeto “Produção de Alimentos e Cultura Alimentar: uma avaliação das formas de obtenção e consumo de alimentos em comunidades agro-extrativistas de Alcântara”2 e a segunda, aquela realizada para fins de obtenção do título de mestre em Ciências Sociais.3 Embora a temática da festa não tenha sido o objeto dos referidos projetos, se impôs significativamente no resultado dos estudos. Nesse sentido, pretendo refletir sobre qual o sentido da festa para os camponeses que integram o grupo morador da comunidade. Busco saber em que medida podemos afirmar que

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“Trabalho apresentado na 27ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 01 e 04 de agosto de 2010, Belém, Pará, Brasil.” 2 Pesquisa realizada pelo GERUR – Grupo de Estudos Rurais e Urbanos, coordenada pelos professores Drª Maristela de Paula Andrade, Dr. Benedito Souza Filho e Dr. Horácio

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