A expansão capitalista e suas contradições no médio mearim-ma
Ana Paula Pinheiro Paiva
Francisca do Nascimento Silva
RESUMO
O presente artigo traz considerações acerca das recentes transformações no modo de vida dos camponeses do Médio Mearim, Maranhão, especialmente no que se refere às implicações, para a afirmação/negação da identidade dos jovens, do atual padrão de desenvolvimento do capitalismo na região. Apresenta-se o contexto histórico dessas transformações, considerando-se o caráter excludente da modernização da agricultura no Brasil e a expropriação da terra inerente à expansão capitalista no campo. No estado do Maranhão, o significado da modernização da agricultura traduz-se muito acentuadamente no acirramento da concentração da terra, da riqueza e no confinamento de grande parte da população à miséria absoluta, pela negação do acesso às condições materiais e subjetivas de reprodução de uma vida digna do ser humano. Procura-se reafirmar a concepção do trabalho como elemento essencial na humanização do homem, ou seja, construtor do ser social que produz cultura. Assim, procura-se discutir o fenômeno do descampesinamento, como conseqüência da dinâmica do desenvolvimento capitalista sobre os sujeitos do campo, em particular sobre a juventude. Finalmente, indica-se que as particularidades que se manifestam no Médio Mearim não constituem exclusividade da região e representam contradições intrínsecas à lógica de reprodução do capital, as quais assumem as dimensões próprias da globalização contemporânea.
PALAVRAS-CHAVE: Capitalismo, Desenvolvimento, Juventude.
1 INTRODUÇÃO
Historicamente os camponeses detêm componentes essenciais na consolidação do espaço, seja local, regional ou nacional, por meio da produção da cultura, entendida como tudo o que fazemos para determinar nossa existência. Karl Marx enfatiza que o ser humano ao transformar a natureza em objeto imprime nesta sua autotransformação de forma consciente subordinando sua vontade, ele