A estetica musical em Aristoxenes
AIRES
RODEIA
PEREIRA
Universidade Nova de Lisboa
A ESTÉTICA MUSICAL EM ARISTOXENO DE
TARENTO *
O tema da estética musical é abordado por Aristóxeno nos dois livros que constituem os Elemento. Harmonica '. Neles o autor justifica a especificidade da ciência da música como corpo autónomo do conhecimento recorrendo às faculdades que configuram o (j.ovjaiKÓç ('músico e teórico musical'), entre as quais se salienta a percepção (atcrGrjcjic;).
Ao atribuir à percepção a importância de faculdade interveniente na formação dos conceitos da teoria musical, Aristóxeno deixa claro que a determinação intervalar não deverá ser feita exclusivamente a partir de rationes matemáticas. Desta ideia central que percorre todo o seu pensa-
* Este tema foi-nos sugerido pela leitura de um passo da obra de Maria Helena
Rocha Pereira, Estudos de História da Cultura Clássica, I vol. —Cultura Grega,
Lisboa, 1994, 632, que, ao assinalar a distância entre Aristóxeno de Tarento e os outros teóricos musicais que lhe sucederam afirma: «o seu tratamento estava mais próximo das ciências matemáticas do que das musicais.» Refere-se a Cleónides, Téon de
Esmirna, Cláudio Ptolemeu, Nicómaco de Gerasa, Gaudêncio, Aristides Quintiliano,
Alípio e Baquio. Aristóxeno, contrariamente aos seus sucessores propõe uma interpretação dos problemas musicais partindo da faculdade de percepção (aía9rixiKÓç) que o músico possui.
Estamos gratos à Senhora Professora Doutora Maria de Fátima de Sousa e Silva pela disponibilidade manifestada em rever as traduções dos textos de Aristóxeno.
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Para a tradução tomámos como base a edição crítica de Macran, The
Harmonies of Aristoxenus, Oxford, 1902, comparando os passos que foram objecto de estudo com a edição de Da-Rios, Aristoxeni Elemento Harmonica, Roma, 1954.
Relativamente ao texto de Ptolemeu, seguimos a edição: Ptolemy, Die Harmonielehre des Klaudios Ptolemaios, Ed. e comm., Dtiring, Gothenburg, 1932. Para Plutarco, utilizamos a edição: