A escada
Bill Valvo sentia que havia algo muito errado com sua saúde. Ele trabalhou para uma companhia de desenvolvimento de softwares em Fairfax (Virgínia) durante 10 anos, isso após servir na Força Aérea por mais de 22 anos, mas a pressão era tão forte que acabou desistindo. "Pedi demissão e resolvi iniciar o meu próprio negócio", conta Valvo, hoje com 55 anos, "mas eu podia sentir que todo aquele estresse estava tendo efeitos fisiológicos sobre a minha pessoa". Tinha toda razão, uma vez que os médicos que o atenderam diagnosticaram uma doença da artéria coronária e que teve que ser operado por conta disso em 1999.Mas, depois da operação, mergulhou numa grave depressão. Esta diminuiu após um certo tempo mas recrudesceu em seguida, voltando com força redobrada. Finalmente, o médico de Valvo lhe receitou um antidepressivo - o qual não só aliviou a sua depressão como também o converteu a novas formas de pensar sobre a doença e a saúde e de lidar com elas. "Será que a minha operação do coração provocou a depressão da qual andei sofrendo?", escreveu ele, recentemente, num artigo para um grupo de discussão formado por integrantes do Mended Hearts (Corações Consertados), um grupo de apoio aos que sofrem de alguma doença do coração e às suas famílias. "Será que a depressão provoca doenças do coração? A resposta a essas duas questões é: provavelmente sim".Alguns anos atrás, os médicos teriam desautorizado Bill Valvo, considerando-o como mais um excêntrico da nova era. Mas, atualmente, a sua tese está solidamente ancorada na corrente dominante da medicina.Com efeito, cada vez mais os médicos - e os seus pacientes - reconhecem que os estados mentais e o bem-estar físico estão intimamente ligados. Segundo eles, um corpo atingido por enfermidades pode causar doenças da mente, enquanto uma doença mental pode provocar ou piorar enfermidades