A dor pode justificar o sucídio
Mateus Salvadori
Um homem sofre uma série de males e, por isso, está desesperado. Sente um grande desprezo pela vida. Por amor a si mesmo, o homem pode encurtar a sua vida, suicidandose? Será que a dor pode justificar o suicídio?
Para entendermos melhor a resposta kantiana acerca do suicídio e de outros casos concretos, analisaremos a 1° Seção da Fundamentação da Metafísica dos Costumes, de
Kant.
A compreensão da moralidade exige que se exponha o que Kant entende por dever moral. A tradição filosófica (Aristóteles, por exemplo) definia o dever moral a partir de fins previamente postos. Por exemplo, se o fim fosse a felicidade, o dever moral resultaria da análise dos melhores meios para se chegar a tais fins. Para Kant, a definição de dever moral é outra. Sua preocupação não é mais com ‘o que se deve fazer’ para alcançar os fins previamente postos, mas apenas com o ‘como se deve proceder’ para agir com mérito moral. Um conceito importante é o da boa vontade. Ela é a única coisa que pode ser considerada como boa em si mesma, algo como bom sem limites. Segundo Kant, todos os talentos e qualidades do espírito são, em geral, coisas boas e desejáveis, mas, se a vontade unida a elas não for boa, podem tornar-se maus e prejudiciais. A boa vontade não é boa por possibilitar o alcance de determinados fins, isto é, por aquilo que promove, mas apenas pelo simples querer.
Para desenvolver o conceito de boa vontade, Kant passa a exposição do conceito de dever, pois o dever contém em si o de boa vontade. Por exemplos: o comerciante que atende lealmente seus fregueses age conforme ao dever (dever por inclinação), pois é um dever ser leal e atender bem seus fregueses, mas não age por dever na medida em que age motivado por interesses bem compreendidos.
Agir por dever é agir pela boa vontade sem ser movido por inclinação alguma. O mercador honesto é moral se é honesto por dever e carece de valor moral se é honesto por