a destruturalizaçãofamiliar
2170 palavras
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A peça Pterodátilos dirigida por Felipe Hirsch é a encenação do texto do americano Nicky Silver e já havia sido trabalhada pelo diretor e pelo ator Marco Nanini há oitos anos, quando ganhou o prêmio APCA de melhor espetáculo em 2002. Segundo Hirsch, a necessidade de retomar o projeto de Pterodátilos está investida, sobretudo, pela conformação de mercadoria cada vez mais evidente, pela qual a sociedade se constitui. Essa intenção é formalizada com apuro na encenação atual que realiza uma apropriação crítica dos processos de reificação – isso confere seu teor de modernidade e de contemporaneidade. A fábula se desenvolve a partir da desestruturalização de uma família de classe média alta, cujo patriarca é Arthur (Marco Nanini), um empresário presidente de banco, e sua mulher Grace (Mariana Lima), uma dona de casa alcoólatra e, por isso mesmo e inversamente, consumista. Ambos são assolados pelo retorno do filho Todd (Álamo Facó) e pelo eminente casamento da caçula Ema (Marco Nanini) com o namorado Tom (Felipe Abid), transformado em empregada. Surgem tensões de ordem material, o desemprego do pai, a gravidez da filha, a infecção que acomete o filho e a descoberta de ossos no subsolo da casa.O desafio crítico aqui, ou seja, formular um pensamento em conjugação com a obra que seja capaz de disseminar os sentidos que ela promove, se depara com a disponibilidade para encarar a dialética que constitui a encenação. Essa dialética é um jogo, presente nas obras, entre sua presença e seu desaparecimento que articula as referências originárias e as referências que se projetam. Os objetos em arte são elaborados de um modo a possuírem a característica de brincar com a história – de fazer aparecer o tempo do agora em que são representados e os tempos do “antes” e os possíveis “depois”. Nesse jogo dialético o presente se dá ver como uma tensão em fricção com temporalidades outras que o revela apenas se nos detivermos à sua leitura, se nos pusermos em obra junto a ele. No caso de