A dedu o transcendental do imperativo categ rico
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A DEDUÇÃO TRANSCENDENTAL DO IMPERATIVO CATEGÓRICO: breve aproximação à FMC IIIO objetivo de Kant na Fundamentação é delineado claramente já no prefácio da obra: buscar e estabelecer o princípio supremo da moralidade (cf. Ak 392). Assim, nos dois primeiros capítulos, Kant se dedica à busca deste princípio e sua formulação, tal como se encontra na razão humana comum. Segue, para tanto, um método que ele próprio caracteriza como analítico ou regressivo. Em FMC I, partindo do conceito de boa-vontade, considerada pela razão comum como a única coisa irrestritamente boa, Kant chega a uma versão do imperativo categórico como o princípio sobre o qual uma boa-vontade, considerada num ser imperfeitamente racional, deveria agir. Na segunda seção, Kant parte do conceito de um agente racional como tal. Deriva diversas formulações do imperativo categórico da análise do conceito deste imperativo, entendido como mera forma da lei. Conclui a seção chegando ao princípio da autonomia como o princípio supremo da moralidade. Até esta altura, apenas uma parte do objetivo está completa – a saber, a de buscar o princípio supremo da moralidade. Ele ainda é hipotético. Resta, para a terceira seção, a tarefa de estabelecê-lo, ou seja, provar, pelo método dedutivo, que o princípio não é mera possibilidade lógica – nos dizeres de Kant, “uma ideia quimérica sem verdade” e “uma fabulação urdida por nosso cérebro” (Ak 445) – mas que tem realidade e ainda força de vinculação para a vontade de um ser imperfeitamente racional. Esta é a chamada “dedução transcendental” do imperativo categórico, tarefa crucial para o sucesso do projeto da Fundamentação. Embora Kant, na terceira seção, se refira à sua tarefa, por três vezes, como uma “dedução”, em nenhum momento ele a qualifica como “transcendental”, uma vez que tende a reservar este termo para conceitos e princípios teoréticos. Porém, o largo uso que os comentadores fazem do qualificativo se deve ao fato de que ela tem a mesma função: na