A construção das políticas sociais no brasil

Refletir as políticas sociais de um modo geral e, de modo particular, a política de assistência social na realidade brasileira, julga refleti-las no contexto das incoerências da sociedade capitalista, que vive na produção coletiva de riqueza e sua apropriação privada. Segundo Vieira (1992, p. 22), “a política social é uma maneira de expressar as relações sociais cujas raízes se localizam no mundo da produção”. O resultado desse modo capitalista, produção coletiva de riqueza e sua apropriação privada que gera uma população continuamente maior do que as verdadeiras necessidades da acumulação, é a produção de uma classe trabalhadora pluralizada na sua forma de inserção na produção, mas que tem em comum a ocorrência de sua sobrevivência depender da venda da sua capacidade de trabalho, o que por sua vez depende das demandas do capital. Resultando na produção da pobreza, ocasionada pelos desprezíveis salários dos que se deparam contidos no mercado de trabalho formal e as mais distintas ocasiões de inserção precarizada ou submissa para a ampla parcela que não consegue haver para o capital.
Estas incoerências estão no alicerce da questão social e do surgimento das políticas sociais. A questão social é aqui apreendida como “conjunto de expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura” (Iamamoto, 2001, p.16), a partir das mobilizações operárias do século XIX. As lutas desse período acarretaram para a cena política e econômica as reclamações da classe operária, a denúncia da miséria e do pauperismo causados pelo capitalismo e determinaram a interferência do Estado no reconhecimento de direitos sociais e políticos desta categoria.
No contexto atual, a assistência social pode ser uma política social que, norteando-se por padrões de universalidade e justiça e não de focalização, restitua a dignidade, a autonomia, a liberdade a todas as pessoas que estão em estados de exclusão e abra possibilidades para que contraiam condições de viver enquanto