A Confraria dos Espadas: Uma discussão sobre os limites do Conhecimento
Introdução
Ao observarmos a evolução da humanidade — pelo menos até onde a História pode levar-nos com segurança e certeza — podemos verificar que o homem possui, ao que parece imanentemente, uma avidez em buscar um conhecimento maior, sendo guiado por uma curiosidade insaciável e uma imaginação incontrolável. Tudo indica que essa atitude trouxe-nos ao nível de desenvolvimento em que nos encontramos hoje. Entretanto é interessante notar que a essa busca de mais conhecimento opõe-se um esforço contínuo no intuito de impor limites ao conhecimento, de castigar a curiosidade e de colocar rédeas na imaginação. Desse esforço surge o conceito de conhecimento proibido, surgem os tabus e a “compreensão” de que certas coisas não cabe ao homem conhecer.
Não quero aqui discutir se se deve ou não impor limites ao conhecimento. Isto está além do meu alcance e longe dos meus objetivos. Apenas gostaria de trazer para a esfera de discussão o fato de que podemos encontrar muitas obras literárias cujos temas abordam a questão de impor limites à curiosidade e à imaginação humanas, como bem mostrou Roger Shatuck em seu livro Conhecimento Proibido: de Prometeu à pornografia (editado no Brasil pela Companhia das Letras).
A priori, o conto A Confraria dos Espadas, de Rubem Fonseca, parece tomar parte nessa profunda e antiga discussão moral: deve-se impor ou não limites ao conhecimento humano? Dessa forma, este trabalho tem por objetivo desenvolver uma análise do conto A Confraria dos Espadas com intuito de confirmar ou não sua inserção na discussão acima exposta.
A Confraria dos Espadas: Análise
“Fui membro da Confraria dos Espadas. Ainda me lembro de quando nos reunimos para escolher o nome da nossa Irmandade.” (Fonseca, 1998:123)1. Este é o início do conto e, com sua leitura, surgem-nos duas perguntas: “Que confraria é esta?” e “Por que o personagem/narrador deixou de ser um membro dessa irmandade?”