A caça
É esse o enredo do excelente “A caça”, de Vinterberg, do saudoso grupo dinamarquês Dogma 95. Seu mérito maior é mostrar como é quase impossível lidar de forma objetiva com a pedofilia, tão assustadora ela se nos apresenta. No afã de punir imediatamente o acusado de crime tão abominável, os juízes terminam por praticar crimes tão graves quanto aquele que pretendiam julgar.
O filme mostra a complexidade da situação que se esconde atrás da ensandecida caça às bruxas que nestas ocasiões costuma ser empreendida.
O ângulo escolhido por Vinterberg para abordar o problema é bem instigante. Ao invés de focar a evidente patologia de um pedófilo, com os graves problemas que provoca em suas vitimas e em si mesmo, como fez em seu filme de 1998, “Festa de família”, seu olhar incide agora sobre uma região mais nebulosa, na qual a patologia é mais difusa e difícil de diagnosticar, aquela que se esconde numa suposta normalidade que cria um pedófilo imaginário para nele projetar suas próprias fantasias e desejos reprimidos.
Em assim fazendo, Vinterberg mostra como é incerta a linha de demarcação entre normalidade e patologia.
É verdade que a figura do professor tem uma certa