A aventura do antibiotico
É fácil confundir aquele amigo grudento e folgado com um psicopata. Os dois estão sempre telefonando em horas impróprias, não saem da sua casa, bebem a sua cerveja, pedem os seus livros emprestados e não devolvem. Mas o chato de galocha tem fácil solução: você o ignora, dá um chega para lá, e isso resolve. Mas, se for um psicopata de verdade, pode rezar.
No começo, é o amigo de fé. De tanto estudar a sua personalidade, projeta em si uma imagem que bate com tudo o que você espera de um irmão camarada. Assim, conquista a sua confiança e participa cada vez mais da sua vida. "Ele suga tudo que o relacionamento pode oferecer, de dinheiro e bens materiais à submissão quase escravista", diz o psiquiatra Geraldo José Ballone. Grudado no companheiro saudável, consegue tudo do amigo para si: status, dinheiro na conta, casa na praia, geladeira cheia, carro novo... E os empréstimos sempre são acompanhados de uma história comovente.
A marcação cerrada do "melhor amigo" custa à vítima a vida própria: lá se vão o namoro e outras amizades. Quando se dá conta, já é tarde demais.
Na hora de dar um basta no camarada sacana, o amigo ainda fica com pena. "Isso ocorre porque, quase sempre, a vítima é a última a acreditar na índole sociopática do amigo", afirma Ballone. Mas a recíproca não é verdadeira: quando já arruinou suas relações, o psicopata vem com a história de que precisa comprar cigarros... e some. Ele pode não arrancar pedaços do seu fígado para comer no café-da-manhã, mas vai tirar um bocado do que você tem de autoestima, dignidade e confiança no