Zigman bauman

822 palavras 4 páginas
No primeiro capítulo, “No começo era o projeto”, Bauman acena com uma transformação profunda no padrão de convívio humano inaugurado pela modernidade líquida, uma transformação no projeto civilizatório e nos mecanismos de regulamentação das fronteiras: dentro/fora, inclusão/exclusão, ordem/caos, pureza/sujeira, bem/mal, produto/refugo. A criação sucessiva de projetos societais, que caracterizou a modernidade, que tratava de organizar mapas ante a desordem do mundo, estabelecendo linhas de contorno de regulamentação, coerência, integração, simultaneamente estabeleceu fronteiras de exclusão, de anomalia, de desvio. Assim, a questão do emprego/desemprego, ou seja, a inserção no mundo da produção era elemento crucial na localização dos indivíduos nesta topologia do dentro e do fora. Com a sociedade de consumo (flexível, líquida, globalizada) dá-se um colapso nessa forma de governo das fronteiras do dentro e do fora, daquilo que importa e daquilo que não importa, do produto útil do refugo, da ordem e da desordem, dos mecanismos de segurança e da insegurança. Com a globalização, o espectro da redundância e da descartabilidade da experiência humana substitui a lógica da conflitualidade que caracterizou a “modernidade sólida”.
Assim, Bauman descreve uma geração (geração X) constituída por “mal-estares e aflições especificamente líquido modernas”: insegurança, depressão, condição de sem-teto social, uma geração marcada pela preocupação quanto à redundância, constantemente interpelada pelas condições de crise, de mudança, de ansiedade. Aquele modelo para lidar com as crises (modelo freudiano da conflitualidade enquanto “teoria geral das desordens e descontentamentos psicológicos que a civilização estava inclinada a gerar”) parece não funcionar mais. Há uma indefinição quanto aos fins da ação humana. Diante deste “mapa irracional” (expressão extraída de Borges) do mundo contemporâneo, os indivíduos hoje são confrontados diariamente com a possibilidade de serem declarados

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