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Nesta resposta deveriam relacionar-se os seguintes aspectos fundamentais: A arte românica e a aristocracia; O desenvolvimento de uma nova ordem nobre com raízes na hereditariedade e as suas consequências sociais; O desenvolvimento de uma nova ordem de sociabilidade baseada em relações feudais (contando com a caracterização sumária do feudalismo); A consequente ruralização da cultura; A economia familiar fechada;
As relações que se estabeleceram entre este contexto social e económico suportante e o surgimento de uma arte que Hauser considera afim, caracteristicamente estabilizadora, sem dinamismo, sem auspiciar qualquer progresso, preservante, tradicional, sem preocupações pela originalidade das formas, sem sentido de descoberta, sem surpresa, utilizando formas válidas por muito tempo, prevalecendo sobre um pano de valores inquestionáveis, subjugada pela fé e pelo medo. Para Hauser, a arte românica é filha desta cultura rural, embrenhada nos preconceitos e nas verdades da fé que consubstanciam uma concepção metafísica e escatológica da vida e do mundo rodeante. Trata-se de uma arte feita em moldes teocráticos que, por isso mesmo, não se rebela contra os poderes instituídos nem contra os receios do homem. A Igreja exerceu, para Hauser, o mesmo poder feudalizante sobre as produções artísticas que os senhores exerceram sobre os seus súbditos, aniquilando assim qualquer possibilidade de inovação ou de derivação. Tratou-se de um absolutismo clerical ou, nas palavras do autor, de um absolutismo do sistema metafísico.