Vírus
Viróides e Virusóides: Relíquias do Mundo de RNA
Marcelo Eiras1, Jose Antonio Daròs2, Ricardo Flores2 & Elliot W. Kitajima3
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal, Instituto Biológico, Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 1252,
2
Instituto de Biologia Molecular y Celular de
3
Núcleo de Microscopia
Eletrônica, ESALQ, Universidade de São Paulo, CEP 13418-900, Piracicaba, SP, Brazil
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(Aceito para a publicação em 10/05/2006)
Autor para correspondência: Marcelo Eiras
EIRAS, M., DARÒS, J.A., FLORES, R. & KITAJIMA, E.W. Viróides e virusóides: relíquias do mundo de RNA.
Fitopatologia Brasileira 31:229-246. 2006.
RESUMO
Até meados do século XX, os vírus eram considerados os representantes mais simples da escala biológica. A descoberta dos RNAs satélites e dos viróides por volta de 1970 foi surpreendente, pois comprovou-se a existência de uma nova classe de moléculas auto-replicativas ainda mais simples, denominada agentes sub-virais. Há indícios de que os viróides e virusóides (que formam uma classe de RNAs satélites), teriam feito parte do “Mundo de RNA” (que precedeu o mundo atual baseado no DNA e proteínas), podendo ser considerados fósseis moleculares dessa era antiga. A simplicidade desses agentes sub-virais e o fato de que a molécula de RNA deve interagir diretamente com fatores do hospedeiro para o desenvolvimento do seu ciclo infeccioso colocam esses patógenos como um modelo para o estudo de processos metabólicos celulares. Nos últimos anos, tem-se observado um volume grande de publicações visando elucidar aspectos da interação viróide/hospedeiro, como os mecanismos da patogênese, movimento dos viróides nas plantas hospedeiras, silenciamento gênico e atividades das ribozimas. Mudanças recentes ocorridas na taxonomia desses patógenos com a criação de famílias, moleculares da interação viróide/hospedeiro. Estão incluídas também algumas características dos virusóides e sua relação evolutiva com os