Viver...assim
O outono acabara de chegar, emparelhado de ventanias e chãos cobertos por folhas cromatizadas de sutis tonalidades amarelas. No mesmo amanhecer de outono, anexo ao levantar do sol, nascia uma pequena criatura, uma bela menina, cujo os olhos eram da cor do mel, adjacente à luz de uma nova vida, infelizmente sua mãe luta por seus últimos suspiros de vida e a coitada mulher deixa suas últimas palavras: "Que minha menina se chame: Marialice...minha pequena Marialice."
Tão breve, e amenina já engatinhava, outrossim, a solidão lhe acompanhava e esta tinha companhia de borboletas em seu derredor (apenas), sua infância voou como tais borboletas, o vento a levou pra logo sua mocidade. Contudo, o desprezo e a ausência do amor paterno e materno resplandecia em seus lindos olhos, tragando um confronto entre a beleza e a tristeza.
Marialice, logo se via uma mulher à medida que amadurecia, sem demora conhece um rapaz do qual chamava-lhe Dorval. O toque de suas mãos é maior que qualquer outro sentimento. E deixam-se levar pela paixão, gerando uma nova vida. Todavia, imediatamente a ventania do outono apanha de seus braços tanto Dorval quanto o incondicional amor de uma mãe, seu filho.
Novamente, a vida de Marialice só tem como companhia, a solidão. Ademais, já se faz tarde e em seu belo rosto prevalece as marcas da vida, do tempo, das longas noites em claro e em lágrimas. Procurando um sentido, um refúgio (já em sua velhice), a idosa mulher vai até um vale da qual costumava ir quando criança, avista um "tosco" banco de balanço numa imensa figueira, encantada com o desfecho de uma tarde de outono, a velha cansada diz:
-Deus, por que tanto sofrimento e desilusão?
Incrédula de uma resposta Divina a velha se entrega a fadiga, quando subitamente, uma voz escoa:
-Marialice, minha jovem menina...assentai-vos e descansai neste assento.
Espantada, hesita, mas diz:
-Deus és tu?
-Sim sou eu.
-Não sou mais digna dos encantos da juventude...
-Marialice, sou