Visão Nietzschiniana sobre justiça
Os gritos de justiça são sempre dados pelo Homem do Ressentimento , são sempre reativos. Ele se sente injustiçado, sente que não tem o que merece, pede por uma compensação, clama por justiça. Esta entendida aqui quase que como uma vingança por parte do Estado. Nossa cultura conhece a justiça apenas do modo ressentido, apenas daquele que não consegue deixar o passado para trás. Mas esta justiça não traz paz porque o próprio modo de funcionamento do Homem Ressentido é um perpétuo incômodo, um constante tornar o mundo cinzento, maldizê-lo.
A cartada do tipo escravo é o juízo final. “Um dia… um dia Deus voltará! E ele te julgará! Pobre de mim, mas você vai ver, sua hora vai chegar!“. O Homem do Ressentimento é fraco, não consegue esquecer, não consegue superar, não cresce com o que lhe acontece, ele maldiz o devir. Hoje passamos da crença em Deus para a crença no Estado, mas a idealização não muda, é sempre 'livrai-nos do mal, amém':
“Oh, como eles mesmos estão no fundo dispostos a fazer pagar, como eles anseiam ser carrascos! Entre eles encontra-se em abundância os vingativos mascarados de juízes, que permanentemente levam na boca, como baba venenosa, a palavra justiça e andam sempre de lábios em bico, prontos a cuspir em todo aquele que não tenha olhar insatisfeito e siga seu caminho de ânimo tranquilo” – Nietzsche, Genealogia da Moral, terceira dissertação, §14.
O homem fraco é aquele que crias valores com o que lhe acontece, ele é reativo, ele não sabe nunca ser o primeiro, “algo me aconteceu, não posso deixar assim, não posso deixar por menos“. Quem quer redimir o mundo? Só aquele que o condena, o calunia, o apunhala pelas costas. A justiça é sempre instrumento daquele que era fraco demais para fazer, e por isso não quer que ninguém mais faça, instrumento de nivelação dos oprimidos, mediocratização. Não queremos esta justiça, mas queremos sim escravos, queremos escravizar o fraco em nós, conduzir o