Violência urbana e o poder paralelo
A violência urbana no Brasil possui em sua raiz histórica o descaso com a população, que reflete as condições precárias de moradia, educação, saúde e alimentação, recursos indispensáveis para a formação da pessoa humana. A ausência desses recursos incita aos indivíduos a ingressar no mundo do crime. Sem oportunidades para a maioria destes indivíduos, este grande número gera proporções incontroláveis.
Vivemos hoje o maior panorama de violência da história, onde o crime tornou-se a saída para a sobrevivência, e o Estado que negligenciou as periferias e favelas, teve seu poder tomado por facções criminosas, estas que, comandam o capital e organizam o cotidiano local, resolvendo questões de famílias, empregando a população, formando um verdadeiro poder paralelo, como consequência ao abandono a estes aspectos sociais.
As desigualdades gritantes que temos em nossa sociedade, os desníveis sociais, geram uma guerra de classes que assume uma face desordenada e sem cunho ideológico: O crime.
Para combater a violência no país, entramos em uma questão mais profunda do que aparenta. Não bastam apenas novas leis e penas mais rigorosas, precisamos com urgência de uma reestruturação de nossas bases sociais, partindo de um menor desnível entre classes, da distribuição de oportunidades para que a nossa população possa viver dignamente, e não apenas sobreviver. Pouco adianta a construção dos mais sofisticados e seguros presídios que acabam se tornando verdadeiros disseminadores de mais crimes, pois todo efeito pressupõe uma causa, e para sua anulação é preciso combater seu inicio: O descaso social.