Violeta Parra
Artista na concepção maior da palavra, Violeta dedicava-se principalmente à música. Contudo, isso não a impedia de criar também como tecelã, escultora, pintora e poetisa. Por isso, é facilmente identificada como referência no conceito de arte pela arte, sem reais fins mercadológicos – a não ser com o objetivo de levar a própria criação adiante. Violeta carregava em suas canções questões da cultura local do interior do Chile, com destaque para a indígena, parte de sua descendência. Ela, inclusive, lamenta o fato de sua mãe ter se casado com um homem branco.
O pai, por sinal, é figura controversa para Violeta. Ainda garota, ela mostrava profunda irritação com o uso que o pai fazia da música. E por isso, de forma birrenta, o atrapalhava em meio às suas espalhafatosas apresentações informais. O diretor Andrés Wood, entretanto, é elegante ao retratá-lo sem julgamentos, como se fosse capaz de atribuir a ele certa importância pela escolha da filha de seguir o caminho da música, seja por contestação ou dom. O pai aparece ora furioso, destruindo um ambiente com um violão, ora terno afagando Violeta nos momentos de raiva dela. Com apenas nove anos, de forma autodidata, ela começou a cantar.
Mas o filme é, para além do resgate histórico da carreira simples de Violeta, sobre vida e morte. Essa é a moral e a reflexão que permeia a história de ponta a ponta. Os pais partem cedo e ela fica com seus irmãos. Com uma irmã, aliás, começa a carreira artística até decidir seguir só. Depois, já mãe, perde um dos filhos ao deixá-los no Chile enquanto aceita convite