Verdade em Canle e Verso

Dotô eu sou um matuto
Criado lá no Sertão
Por isso é que não entendo
Quase nada de eleição
Mas tem uns certos absurdos
Que não precisa de estudo
Pra mode o caba dá fé;
Tem certas patifarias
Que até um cego de guia
Só num vê se não quisé.

Por exemplo, eu não entendo:
Comé que o nosso país
É rico que só a gota
Os home mesmo é quem diz;
Tem ouro em Serra Pelada
Não sei quantas toneladas
Eles tiram todo ano;
Mas é o ouro saindo
Os home rico subindo
E nós entrando pelo cano.

Todo dia a gente vê
No rádio e televisão
Os políticos reclamarem
Da nossa situação
Que a gasolina, que o óleo
E tudo que for petróleo
Vão subir, pra melhorar
E haja preço no gás
Melhora pra Petrobrás
E pra nós faz é piorá.

VERDADE EM CANLE E VERSO

Quando sobe a gasolina
Só se ouve a ladainha:
Subiu a carne, o feijão,
O arroz e a farinha;
Mas o salário da gente
Fica na mesma patente
Não sobe nem por castigo
E quando vem ser aumentado
Já ta magro e defasado
Pior que o antigo.

Outra coisa, sue dotô
Que dói na alma da gente
E ver no nosso Nordeste
Tanto cabôco valente
Trabalhando na enxada
Com as mãos tudo estourada
Cuidando da plantação
E no ano que não chover
Vê a lavoura morrer
Por falta de irrigação.

Tanto dinheiro que é gasto
No tempo de eleição
Com propaganda em jornal
No rádio e televisão;
Tanta criança morrendo
Por não se alimentar
Tanta mansão em Brasília
E tanto pai de família
Sem um rancho pra morar.

Outra coisa seu dotô
Que me dói no coração
É saber que eles ganham
Um bocado de milhão
E um professor formado
Que estudou pra danado
Só falta se acabar
Dando aula todo dia
Recebe uma mixaria
Que nem pra despesa dá.

Tem coisa ainda pior
Porém eu não vou contar.
Pompílio, um colega meu
Teve que se exilá
Porque disse sem maldade
Um bocado de verdade
Chegou a ser torturado
Pois no Brasil é assim
O caba além de comer ruim
Tem que engolir calado!

Eu não tenho nada contra
Essa tal de eleição.
Mas quero pedir aqui
Aos home de posição
Que adispois de eleito
Governador e prefeito