Vale a pena ser gentil
Quem tem tempo hoje em dia para segurar uma porta aberta para alguém, ou cumprimentar as dezenas de pessoas que se chega a encontrar num dia? É difícil ser gentil, mas mais difícil ainda é conviver com a falta de gentileza dos outros. Principalmente ao dar com uma porta fechada na cara, ou passar pela sensação de ser invisível. Ser gentil vale a pena e traz benefícios.
Além disso, vários projetos têm se dedicado a multiplicar essa virtude. Pequenos atos de gentileza fazem parte da rotina do empresário Ricardo Chiste, 36 anos. “Eu acredito em melhorar como ser humano”, diz. “A forma mais difícil de se transformar é no cotidiano.” Para ele, que olha com desconfiança a sociedade cada vez mais ensimesmada, ouvir mais e se interessar por quem está ao seu redor é o componente básico da gentileza. “As pessoas estão ilhadas nos próprios problemas que não conseguem olhar em volta. Todo o resto fica irrelevante”.
Mas, afinal, vale a pena ser gentil? Para a ciência, a resposta é sim. Em um estudo da Universidade da Califórnia, a psicóloga Sonja Lyubomirsky pediu aos participantes que praticassem ações gentis durante dez semanas. Todos registraram aumento na felicidade durante o estudo. Os que praticaram ações variadas, como se oferecer para ajudar a lavar a louça, fazer elogios ou segurar a porta aberta para um estranho passar, registraram níveis mais altos e prolongados de felicidade, em comparação com quem repetiu sempre a mesma atitude com diferentes pessoas. “Gentileza e boa vontade estão relacionadas à felicidade e as pessoas que tentam ser mais gentis no dia a dia tendem a experimentar mais emoções positivas e se tornaram mais alegres”.
O professor de filosofia da Universidade Presbiteriana Mackenzie Jorge Luiz Rodriguez Gutierrez prefere pensar na gentileza não como um comportamento, mas como uma virtude. “Não só a gentileza parece menos cultivada, mas em geral hoje não se fala muito das virtudes. Parecem esquecidas”, diz Gutierrez.