Vai ajudar muito
Coisas além do seu controle, como dispensa do trabalho, lhe
aconteciam; aí ele enfrentava. Como deixa claro essa discus- são que acabei de citar, o senso de responsabilidade de Rico é
mais absoluto. O que ele chama a atenção é para sua inflexí-
vel disposição de ser responsabilizado por essa qualidade de
caráter, e não por um determinado curso de ação. A flexibili- dade forçou-o a afirmar a pura força de vontade como a es- sência de seu próprio caráter ético.
Assumir responsabilidade por fatos fora de nosso contro- le pode parecer uma conhecida amiga nossa—a culpa—, mas
isso caracterizaria Rico de uma maneira errada, pelo menos
ao que me pareceu. Não é do tipo que se entrega à auto-acu- sação. Tampouco perdeu a coragem, diante de uma socieda- de que lhe parece toda fragmentada. As regras que estabelece
para o que uma pessoa de bom caráter deve fazer podem pa- recer simplistas ou infantis, mas também neste caso isso seria
julgá-lo de maneira errada. Ele é, de certa forma, realista; de
fato, não faria sentido escrever uma carta aos patrões sobre o
estrago que haviam causado em sua família. Assim, Rico se
concentra em sua pura determinação de resistir; não vai ficar
à deriva. Quer resistir sobretudo à ácida erosão daquelas qua- lidades de caráter, como lealdade, compromisso, propósito e
resolução, que são de longo prazo na natureza. Afirma valo- res atemporais que caracterizam quem ele é — para sempre,
permanentemente, essencialmente. Tornou-se estático; está
encurralado na pura e simples afirmação de