Urbaindios

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URBAÍNDIOS

Por. Ely Ribeiro de Souza[1]

A problemática da existência de indígenas nos centros urbanos não é nova. Ao nos reportarmos ao período colonial, veremos que tanto no Brasil como na América Latina esta presença é uma constante nas fontes, relatos de viajantes e etnólogos, sob as mais diversas formas, como índios escravos ou encomendados e mesmo em vilas que foram fundadas sobre aldeias indígenas. A cidade de Manaus, conforme os historiadores José Ribamar Bessa Freire (UFRJ) e Patrícia Maria Sampaio (UFAM), foi edificada sobre “cemitério dos Barés, Manáos e Tarumãs, Manassés”, entre outros. O antropólogo Stephen G. Baines (UNB), em seu artigo "As Chamadas Aldeias Urbanas ou índias na Cidade" [2], comenta que ao “deixar as aldeias e entrar nas cidades não faz dos índios menos índios”, contrariando, dessa forma, a expectativas de muitos, inclusive daqueles que acham que Índios são "os que vivem no mato". Os grupos ou comunidades indígenas que se instalam em áreas periféricas de médias e grandes cidades brasileiras estão cada vez mais se organizando em defesa dos seus direitos de cidadãos urbanos, mantendo, entretanto, a sua identidade étnica. Em muitos casos, as comunidades indígenas/ urbanas se articulam com as das aldeias tradicionais de modo a melhorar a vida econômica dos grupos. São as chamadas “redes relacionais”, nas quais instituições ou pessoas, constituem relações de reciprocidade, apoio e ajuda mútua. A idéia de lugar, de terra indígena, de aldeia não é somente a do espaço fixo, determinado, mas o da territorialidade, no sentido do espaço que se constrói historicamente, de identidades que se mantém ou se ressignificam conforme os novos contextos.

Sem querer simplificar, mas o fato de passar a habitar em outro lugar, não tirará do Manauara sua condição de Manauara. Tão pouco, o indígena deixará de ser índio pelo fato de migrar para os espaços urbanos. A etnicidade[3] não se reduz ao aspecto da

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