Universidade publica - marilena chaui
A instituição social aspira à universidade. A organização sabe que sua eficácia e seu sucesso dependem da sua particularidade. Isso significa que a instituição tem a sociedade como seu princípio e sua referência normativa e valorativa, enquanto a organização tem a si mesma como referência, num processo de competição com outras que fixaram os mesmos objetivos particulares. Em outras palavras, a instituição se percebe inserida na divisão social e política e busca definir uma universalidade (imaginária ou desejável) que lhe permita responder às contradições impostas pela divisão. Ao contrário, a organização pretende gerir seu espaço e tempo particulares aceitando como dado bruto sua inserção num dos polos da divisão social, e seu alvo não é responder a contradições e sim vencer a competição com seus supostos iguais.
Depois da Revolução Francesa, a universidade concebe-se a si mesma como uma instituição republicana e, portanto, pública e laica. A partir das revoluções sociais do séc. XX e com as lutas sociais e políticas desencadeadas a partir delas a educação e a cultura passara a ser concebidas como constitutivas da cidadania e, portanto, como direitos dos cidadãos, fazendo com que, além da vocação republicana, a universidade se tornasse também uma instituição social inseparável da ideia de democracia e de democratização do saber: seja para realizar essa ideia, seja para opor-se a ela, no correr do séc. XX a instituição universitária não pôde furtar-se à referência à democracia como ideia reguladora. Por outro lado, a contradição entre o ideal democrático de igualdade e realidade social da divisão e luta de classes, obrigou a universidade a tomar posição diante do ideal socialista.
A universidade como instituição social diferenciada e autônoma só é possível em um Estado republicano e democrático.
A reforma realizada pelo Estado classificou a universidade como uma organização social, sendo colocada não mais como uma obrigação do