Uma análise sobre o amor não correspondido e a sexualidade reprimida na Lira dos Vinte Anos de Álvares de Azevedo
Larissa Leão Santana¹
1. Introdução
Álvares de Azevedo pode ser definido como um jovem de vinte anos, que fazia parte de uma geração, marcada pela ambiguidade de uma vida ao mesmo tempo que frágil poderosa, denominada “mal do século” por abordar temas pessimistas como morte, amores impossíveis, frustrações e desejos.
Lira dos Vinte Anos representa a angústia, o sentimentalismo exacerbado e a morbidez do autor em relação aos dramas de sua juventude diante da incompreensão da vida, do amor e de seus desejos carnais, característicos do jovens do Ultra Romantismo. A obra é dividida em três partes onde a primeira a segunda são caracterizadas pelo sentimentalismo, a tristeza e o desespero do jovem autor diante das situações em que vive, na segunda parte os sentimentos são irônicos e sarcásticos.
O amor e a sexualidade são aspectos bem presentes nos poemas, representados em versos onde o corpo da mulher e a forma idealizada como ela é amada são descritos. O objetivo desse estudo é analisar o amor não correspondido e a sexualidade reprimida na primeira parte do livro, composta por 33 poemas e iniciada com um pedido de desculpas do autor pelos “primeiros cantos de um pobre poeta” (AZEVEDO, 1996, p. 1). É observada, nessa parte, a influência do personagem Ariel, de Shakespeare, que representa o bem, e de poetas como Alfred de Musset, um dos mais conhecidos do Romantismo, que encarnava a figura de poeta boêmio e encarava o pessimismo e obscuridade da segunda geração inspirada por Byron em via mais sentimental.
Versos e interpretações de metáforas do poema “O Poeta” serão utilizados para melhor evidenciar os aspectos analisados nesse estudo.
1. O amor não correspondido
Encontramos, na obra, o desespero e a dor do autor pelo amor que sente, pois esse nunca é alcançado na realidade. O sonho e a fantasia são as únicas maneiras de alcançar o