Um história só pra mim

Um menino arredio que ao viver em um mundo à parte passa a criar histórias para a própria vida, ou seja, vive no mundo de personagens que conhece na literatura. Não entendeu? João é assim, um garoto angustiado, com dificuldades para fazer amizade (grande problema de muitos adolescentes) e que, ainda jovem, não sabe que precisa escrever sua história a próprio punho. Contudo, apesar deste perfil nada atrativo, o jovem chama a atenção de Rodrigo, um de seus vizinhos do prédio. Na opinião de Fernanda, ele não passa de um "nojentinho" e para Rafael, outro integrante do grupo de jovens do prédio, João é um completo e perfeito, enigma.

Na primeira conversa com os jovens do prédio, ele conta a sua história de vida, no estilo de grande aventura, dizendo até que seu pai morreu. No entanto, o filho do escritor Brandão Monteiro tinha suas razões para ser esquisito. Ambos não mantinham contato. Apenas o filho que em busca da leitura dos livros do pai, tentava incorporar as histórias, como se fosse sua própria história.

"Rafael também se mostrava inquieto, mas por outras razões. Estava com ciúmes de Fernanda, de quem tinha uma bronca antiga. E, ou por causa disso, ou por causa de seu famoso faro, repetia a todo momento: / - Não sei. Essa história não fecha. Para mim, essa história não fecha. / O resto da turma, porém, não compartilhava de tal desconfiança. A figura de João agora despertava simpatia: descobria-se enfim por que era tão arredio, tão esquisito". Resultado, como o passar do tempo, os "novos" amigos do rapaz começaram a achá-lo cada vez mais estranho.

É com a ajuda de Rodrigo e de Rafael que os dois, pai e filho, encontram-se e se "re-conhecem". Como? Com um história escrita só para João, ou seja, um livro escrito a quatro mãos. Com esta amizade firmada, a vida do jovem começa a ganhar mais brilho, pois cada um é que precisa escrever a sua própria história na vida cotidiana.

Uma História Só Pra Mim, de Moacyr Scliar, publicação da Atual Editora, relata as