Um dia sem nada

1632 palavras 7 páginas
O poema “Canto de regresso à pátria”, de Oswald de Andrade, é uma produção realizada no início da década de 20, época que se caracterizava pelo nacionalismo crítico e por uma revisão tanto da história do Brasil como da produção literária anterior que, segundo o pensamento da época, havia uma apropriação inadequada das produções e ideais estrangeiros. Oswald foi o precursor do antropofagismo, que significa “comer o que vem de fora, desfazendo-se do que é de fora e incorporando elementos nacionais”. É nessa perspectiva que Oswald critica a forma ufanista de Gonçalves Dias ao valorizar os elementos nacionais. No “Canto de regresso à pátria”, Oswald, por trás do humor e da sátira, ainda mantém o caráter nacionalista na poesia, mas sob um olhar crítico. A Rua 15, que abriga as principais agências bancárias do país, contrapõe-se ao progresso de São Paulo, que implica em mais poluição, desapropriação da natureza para dar lugar aos arranha-céus e à desigualdade social.

Não permita Deus que eu morra Sem que eu volte pra São Paulo Sem que eu veja a Rua 15 E o progresso de São Paulo.

Murilo Mendes, em sua “Canção do Exílio”, utiliza o mesmo humor e sátira de Oswald de Andrade, mas foi mais ousado ao apresentar uma nova perspectiva em sua releitura: denuncia a invasão cultural estrangeira no Brasil. O nacionalismo em seu poema se fundamenta numa crítica à realidade sócio-cultural brasileira. Ele não se conforma em se aceitar tudo o que vêm de fora: as frutas, os pássaros, os artistas, as ideologias... Ele tem consciência de que também temos coisas boas e que temos de valorizá-las. Ele mostra, porém, que quando isso acontece, o preço das coisas sobem: temos de comprar frutas de “quinta categoria”, que são baratas, pois as nossas frutas, que são às melhores, são exportadas e, quando comercializadas aqui, custam “o olho da cara”. Essa desigualdade sócio-cultural faz o poeta sentir-se um exilado em sua própria terra:

Eu morro sufocado Em terra estrangeira Nossas

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