Tudo é cultura
Texto original: Profa. Dra. Maria Helena Pires Martins
Edição: Equipe EducaRede - Livre docente da Escola de Comunicação e Artes da USP.
“Todos nós temos um conjunto de lembranças, de histórias e objetos que são significativos em nossa vida. Por um lado, essa é a herança que deixamos para as gerações futuras. Por outro, herdamos de gerações passadas o ambiente em que vivemos, a cultura, os hábitos, a religião, o comportamento e a língua.”
Maria Helena Pires Martins
:: Tudo é cultura?
Sim e não, dependendo de usarmos o conceito amplo de cultura ou o conceito restrito. Considerando, em primeiro lugar, o conceito amplo ou antropológico, cultura é o modo como indivíduos ou comunidades respondem às suas próprias necessidades e desejos simbólicos.
O ser humano, ao contrário dos animais, não vive de acordo com seus instintos, isto é, regido por leis biológicas, invariáveis para toda a espécie, mas a partir da sua capacidade de pensar a realidade que o circunda e de construir significados para a natureza, que vão além daqueles percebidos imediatamente. A essa construção simbólica, que vai guiar toda ação humana, dá-se o nome de cultura.
A cultura, nesse sentido amplo, engloba a língua que falamos, as idéias de um grupo, as crenças, os costumes, os códigos, as instituições, as ferramentas, a arte, a religião, a ciência, enfim, toda as esferas da atividade humana. Mesmo as atividades básicas de qualquer espécie, como a reprodução e a alimentação, são realizadas de acordo com regras, usos e costumes de cada cultura particular.
Os rituais de namoro e casamento, os usos referentes à alimentação (o que se come, como se come), o preparo dos alimentos, o tipo de roupa que vestimos, a língua que falamos, as palavras de nosso vocabulário, tudo isso é regulado pela cultura à qual pertencemos.