Tudo veadage

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que matara um grande número de inimigos. Acho que os derrotam mais pelas proezas de um só cavaleiro do que pelos esforços de todos juntos. Se não fosse quase noite, todos os inimigos seriam vencidos. Mas cai uma noite tão escura que são forçados a afastar-se. Nesse momento todos os cativos, comprimindo-se à porfia, vêm rodear o cavaleiro. Chegam de todos os lados para segurar-lhe a rédea dizendo: — Sede bem-vindo, gentil senhor! E todos, moços ou velhos: — Sire, palavra de honra, é na minha casa que vos hospedareis!... Sire, por Deus e em seu nome, não aceiteis outra hospedagem! Cada um deles quer recebê-lo e tirá-lo do vizinho. Chegam, quase, às vias de fato. Ele diz-lhes que estão perdendo o seu tempo com isso e que devem estar loucos: — Deixai de lado essa briga inútil para mim e para vós! Por que brigar quando devemos ajudar-nps mutuamente? — Vinde à minha casa! — Não, vinde à minha! — Continuais agindo mal — diz o cavaleiro. — O mais prudente dentre vós ainda é louco para que discutais dessa forma! Deveríeis ajudar-me a adiantar-me e só pensais em obrigar-me a fazer rodeios. Por Deus, a boa vontade de todos me comove, assim como as honrarias e bondades com que me cumulastes. Assim, ele os faz calar e os acalma. E levado à casa de um cavaleiro e todos rivalizam em servi-lo. De manhã, à hora da partida, todos queriam ir com ele. Ofereciam-se e apresentavam-se. Mas ele não quis nenhuma companhia além da dos dois jovens com quem fora até ali. Naquele dia cavalgaram da manhã até a hora das vésperas sem achar nenhuma aventura. Foram seguindo o seu caminho sem tropeços, mas apesar da marcha rápida só conseguiram sair bem tarde de uma floresta. Ao atravessarem a orla do bosque avistaram, não longe deles, a mansão de um cavaleiro. Sua esposa, uma dama de semblante bondo-

so, à sua porta estava sentada. Mal os viu, levantou-se e foi ter com eles, sorridente: — Sede bem-vindos — disse. — Desejo receber-vos em minha casa, Desmontai, vamos hospedar-vos. — Muito vos

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