Tropa de elite 2 e a vida real
O primeiro filme tem como tema a violência urbana no Rio de Janeiro, o tráfico de substâncias ilícitas e as ações do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais). A narração é feita pelo Capitão Nascimento, em busca de um substituto para comandar seu esquadrão, já que seu filho está prestes a nascer. No decorrer da história, temos também a trajetória de Matias, policial negro e inteligente, “aspira” cogitado a substituto de Nascimento que se vê dividido entre o mundo acadêmico (cursa Direito) e o mundo profissional. O filme traz muitas cenas de violência, de tortura policial, retrata diversos abusos cometidos pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, uma das mais violentas do mundo. Porém a impressão que tive depois de assistir ao filme foi que, ao invés de digerir aquele grave retrato da criminalização da pobreza, o público em geral passou a idolatrar o Capitão Nascimento, que, convenhamos, tem de fato interpretação brilhante de Wagner Moura, porém representa um caso extremo de um policial que acredita profundamente na violência como solução. Revistas da grande mídia, como a Veja, aproveitaram o sucesso do filme para reforçar sua mensagem fascista de que é isso mesmo: tem mais é que descer porrada nos morros, porque favelado é bandido. Saldo complicado do filme.
“Qualquer semelhança com a realidade é apenas uma coincidência. Essa é uma obra de ficção“
No “Tropa de Elite 2: O inimigo agora é outro” o foco migra do BOPE para a política de segurança pública do Rio de Janeiro. E aí a coisa esquenta pra valer. Apesar do aviso de que o filme é uma obra de ficção, fica muito claro que foi inspirado em diversos fatos reais. Isso pode ser conferido por exemplo no Relatório da CPI das Milícias da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ), presidida pelo deputado estadual Marcelo Freixo do PSOL, que indiciou mais de 200 pessoas em 2008.
Essa, aliás, é uma das poucas “coincidências” que o diretor José Padilha afirma ter direta