Trabalho Literatura
A uma ausência Sinto-me, sem sentir, todo abrasado No rigoroso fogo que me alenta; O mal, que me consome, me sustenta; O bem, que me entretém, me dá cuidado. Ando sem me mover, falo calado; O que mais perto vejo, se me ausenta, E o que estou sem ver, mais me atormenta; Alegro-me de ver-me atormentado. Choro no mesmo ponto em que me rio; No mor risco me anima á confiança; Do que menos se espera estou mais certo. Mas se de confiado desconfio, É porque, entre os receios da mudança, Ando perdido em mim como em deserto.
(Antônio Barbosa Bacelar)
Presença de paradoxos/contradições (Sinto-me, sem sentir; Ando sem me mover, falo calado; Alegro-me de ver-me atormentado); presença de antíteses (mal X bem; choro X rio); as contradições mostram um indivíduo dividido internamente, vivendo conflitos interiores (da alma); pessimismo: “Ando perdido em mim como em deserto”.
I Que amor sigo? Que busco? Que desejo? Que enleio é este vão de fantasia? Que tive? Que perdi? Quem me queria? Quem me faz guerra? Contra quem pelejo? Foi por encantamento o meu desejo E por sombra passou minha alegria; Mostrou-me Amor, dormindo, o que não via. E eu ceguei do que vi, pois já não vejo. Fez à sua medida o pensamento Aquela estranha e nova fermosura E aquele parecer quase divino;
Curso: Letras
Disciplina: Literatura Portuguesa
Prof. Me. André Alselmi ATIVIDADE DE AUTOESTUDO – Aula 4 - GABARITO
Ou imaginação, sombra, ou figura,
É certo e verdadeiro meu tormento:
Eu morro do que vi, do que imagino.
(Francisco Rodrigues Lobo)
A presença de muitas orações interrogativas na 1ª estrofe denuncia um eu perturbado, cheio de dúvidas, perdido. O excesso (exagero de perguntas) mostra um eu desesperado. Na segunda estrofe, percebemos um jogo de palavras (típico do estilo cultista) com os verbos ‘ver’ e ‘cegar’. O pessimismo do eu se mostra no seguinte verso: “É certo e verdadeiro meu tormento”.
II
Fermosos