Trabalho de PT olavo bilac Via láctea
Olavo Bilac
OLAVO BRÁS MARTINS DOS GUIMARÃES BILAC
(1865-1918), JORNALISTA, POETA BRASILEIRO,
MEMBRO FUNDADOR DA ACADEMIA BRASILEIRA DE
LETRAS E ESCRITOR BRASILEIRO.
O POEMA
Via Láctea
É um soneto decassílabo, cuja linguagem é demarcada por certo coloquialismo e intimidade do eu-lírico com seu interlocutor. Por conta dessa postura mais intimista e subjetiva, pode-se dizer que o escritor se afasta um pouco da objetividade típica do Parnasianismo. Faz parte da fase lírica de inspiração espiritualista de Olavo Bilac. No poema, o eu-lírico dialoga com um interlocutor que o interroga sobre sua capacidade de ouvir as estrelas, como já fica claro logo na abertura do soneto.
I
Talvez sonhasse, quando a vi. Mas via
Que, aos raios do luar iluminada,
Entre as estrelas trêmulas subia
Uma infinita e cintilante escada.
E eu olhava-a de baixo, olhava-a... Em cada
Degrau, que o ouro mais límpido vestia,
Mudo e sereno, um anjo a harpa dourada,
Ressoante de súplicas, feria...
Tu, mãe sagrada! Vós também, formosas
Ilusões! sonhos meus! íeis por ela
Como um bando de sombras vaporosas.
E, ó meu amor! eu te buscava, quando
Vi que no alto surgias, calma e bela,
O olhar celeste para o meu baixando...
II
Tudo ouvirás, pois que, bondosa e pura
Me ouves agora com o melhor ouvido:
Toda a ansiedade, todo o mal sofrido
Em silêncio, na antiga desventura
Hoje, quero, em teus braços acolhido,
Rever a estrada pavorosa e escura
Onde, ladeando o abismo da loucura,
Andei de pesadelos perseguido.
Olha-a: torce-se toda na infinita
Volta dos sete círculos do inferno...
E nota aquele vulto: as mãos eleva,
Tropeça, cai, soluça, arqueja, grita,
Buscando um coração que foge, e eterno
Ouvindo-o perto palpitar na treva.
FONTES :
http://guiadoestudante.abril.com.br http://www.academia.org.br http://www.poesiaspoemaseversos.com.br