trabalho de português
Para compor o espaço físico onde a ação irá se desenvolver, o narrador emprega imagens de percepção sensória. Assim, o leitor sente o cheiro da loja: “tinha o cheiro de uma arca de sacristia com seus panos embolorados e livros comidos de traça” (p. 41); tem a sensação do tato, por intermédio da personagem, que, “com a ponta dos dedos” (p. 41), toca em uma pilha de livros; vê detalhes do lugar, “uma mariposa levantou vôo e foi chocar-se contra uma imagem de mãos decepadas” (p. 41). As imagens literárias produzidas com o uso de detalhes transferem maior verossimilhança à narrativa. Existem duas personagens, uma velha, provavelmente a dona da loja, ou então uma funcionária, há muito tempo no estabelecimento, e um homem, que vai ao estabelecimento atraído por uma tapeçaria antiga, com a representação de uma caçada. As personagens não têm nome e o narrador não faz descrições sobre seus aspectos físicos para caracterizá-las.
O tempo da história abrange um período de dois dias. No primeiro dia, o homem vai à loja de antigüidades. No dia seguinte, o segundo dia da história, o homem vai, novamente, à loja de antigüidades, mais cedo do que de costume, "– Hoje o senhor madrugou.” (p. 44). Essa mesma personagem diz para o homem “Pode entrar, pode entrar, o senhor conhece o caminho...” (p. 44), referindo-se ao local onde está pendurada a tapeçaria, na loja. O homem murmura “Conheço o caminho” (p. 44), referindo-se ao caminho do bosque, representado na tapeçaria. Chega-se, então, ao clímax da narrativa. Mais uma vez, são empregadas imagens sensoriais:
“aquele cheiro de folhagem e terra” (p. 44), “a loja foi ficando embaçada” (p. 45), “seus dedos afundaram por entre galhos e resvalaram pelo tronco de uma árvore” (p. 45). Nesse trecho se alternam as focalizações externa e interna, caracterizando a mistura do real e do fantástico, e