Trabalho de Geo
A TERRA
O primeiro impacto é a própria geografia do sertão. Euclides da Cunha descreveu cada pedaço do sertão na primeira parte de seu livro, levando aos leitores uma verdadeira radiografia da região. Na peça, uma ópera de carnaval, um musical épico brasileiro, os atores são terra, vegetação, vento, animais, rios, seca. Revelando os segredos mais íntimos da natureza, que vibram também nas artérias humanas e trans-humanas. Retornando como overture musical da obra toda, com o enriquecimento da experiência que as outras partes realizadas trouxeram aos seus criadores a ao público, ganha a visão atualizada da interferência do homem no ambiente. Seu poder destrutivo em razão proporcional ao poder financeiro, colocando em pauta a discussão sobre a ocupação do espaço, a especulação imobiliária que cerca hoje, não só o Teatro Oficina, como o mundo inteiro, agora mais quente e mais árido.
O HOMEM 1: DO PRÉ-HOMEM A RE-VOLTA
Para entender a alma do sertanejo – o que levaria este homem em sua natureza a resistir até os últimos dias de Canudos – Euclides relembra em seu livro a formação do povo brasileiro, sua origem telúrica, animal, tupi. A segunda parte do livro (e a segunda peça) fala do abraço vigoroso do vencedor, colonizador celta europeu, copulando com os vencidos, com os escravos dos navios negreiros, formando o tipo ‘brasileiro-sem-tipo’. As misturas de todos os tipos vão para cena na surpreendente miscigenação presente já no elenco e equipe do próprio Teatro Oficina. É a história do Homem brasileiro, o Homem do País de fora cruzando com o do País de dentro, até a Revolta contra a própria idéia imposta e importada de homem, com o aparecimento do Zaratustra Antonio Conselheiro.
O HOMEM PARTE 2: DA REVOLTA AO TRANS-HOMEM
Dedicado à “criação de uma atitude heróica e anti-heróica dos que vão à luta e dizem – Adeus homem!”, a teatralização do segundo movimento da segunda parte de Os Sertões apresenta a passagem do homem re-voltado para o trans-homem,