Trabalho de ciencias prehistoria
Como se não bastasse o recorde, os restos fossilizados, que estão bem preservados, de acordo com os cientistas, mostram ainda uma série de características há um tempo primitivas e modernas, o que é “surpreendente”, e que traz novas peças ao quebra-cabeça da evolução humana.
Isso é, pelo menos, o que garante na edição de hoje da Nature o grupo de pesquisadores liderado por David Lordkipanidze, do museu nacional da Geórgia, que estudou o achado.
Os fósseis encontrados em Dmanissi, a 85 km a sudoeste de Tbilissi, a capital daquela república do Cáucaso, apresentam uma curiosa mistura de características primitivas e modernas. Entre as primeiras contam-se a altura dos indivíduos, entre 1,45 e 1,66 metros, um cérebro pequeno, entre 560 e 632 gramas, idêntica à massa cerebral de um australopiteco (anterior a estes, já que viveu entre há quatro e dois milhões de anos) e a ausência de torção do úmero (osso do braço), o que fazia com que tivesse as palmas das mão voltadas para frente.
As suas características modernas são, por exemplo, as proporções corporais quase idênticas, justamente, às do homem moderno. Estes aspectos juntos fazem pensar, dizem os cientistas, em características de Homo habilis e Homo erectus (o segundo tendo sucedido ao primeiro no tempo) e na possibilidade de a história desta evolução ser afinal mais complexa, como o estudo de outro achado recente ocorrido no Quênia, e publicado também na Nature, já havia aventado.
Num comentário ao artigo de Lordkipanidze e sua equipe, publicado nesta mesma edição da Nature, Daniel Lieberman, antropólogo de Harvard, coloca justamente esta questão, ao afirmar que os fósseis descobertos em Dmanissi “parecem pertencer ao Homo erectus em muitos aspectos”, mas a sua variabilidade, que