Tonnies
Tönnies encarou todo o desenvolvimento histórico desde a Idade Média como «a libertação gradual do racionalismo e o seu crescente predomínio como processo inerentemente necessário do espírito humano como vontade».
Ferdinand Tönnies (1855-1936) é conhecido pela sua obra Gemeinschaft und Gesellschaft, publicada em 1887, cujas ideias podem ser resumidas facilmente, apesar da obra ser teoricamente complicada devido à sua ligação a Hegel e a Schopenhauer.
Segundo Tönnies, todas as relações sociais são criações da vontade humana. Existem dois tipos de vontade: a vontade essencial que é a tendência básica, instintiva, espontânea, irreflectida, orgânica, que impulsiona a actividade humana a partir detrás, e a vontade arbitrária que é a forma de volição deliberada, reflexiva e finalista, capaz de determinar a actividade humana em relação ao futuro. A vontade essencial domina a vida dos camponeses, dos artesãos, das pessoas comuns, enquanto a vontade arbitrária caracteriza as actividades dos homens de negócio, dos cientistas, das pessoas investidas de autoridade e dos indivíduos das classes superiores. As mulheres e os jovens tendem a exercitar a vontade essencial; os homens e, curiosamente, as pessoas mais velhas, a vontade arbitrária.
Estes dois tipos de vontade explicam a existência de dois tipos fundamentais de grupos sociais ou de "sociedades". Um grupo pode existir e manter-se porque a simpatia entre os seus indivíduos os leva a sentir que essa relação é um "bem em si mesma", ou pode nascer como instrumento para conseguir alcançar um "fim determinado". Ao primeiro tipo de grupo, expressão da vontade essencial, Tönnies chama comunidade (Gemeinschaft), e ao grupo que deriva da vontade arbitrária, sociedade (Gesellschaft). A comunidade é uma forma social caracterizada por relações pessoais, intenso espírito emocional, e constituída pela cooperação, pelos costumes e pela religião. Esta organização social é encontrada na família, na