Toca S Ntese
Toca é o nome dado à habitação de certos animais, apontando desde logo para o caráter canibalesco do relacionamento amoroso entre Carlos e Maria Eduarda.
Este é o recanto idílico, nos Olivais, onde Maria Eduarda e Carlos partilham as curtas juras de amor.
Propriedade de Craft arrendada por Carlos para preservar a sua privacidade amorosa, representa simbolicamente o “território” de Carlos e Maria Eduarda.
A decoração permite-nos antever o desfecho desta relação. Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam a tragicidade da relação, pois estão carregados de presságios: nas tapeçarias do quarto
“desmaiavam, na trama lã, os amores de Vénus e Marte”, de igual modo o amor de Carlos e de Maria
Eduarda estava condenado a desmaiar e desaparecer; “…a alcova resplandecia como o interior de um tabernáculo profano…” misturando o sagrado com o profano para simbolizar o desrespeito pelas relações fraternas. Deste modo, a descrição do quarto tem traços próprios de um local dedicado ao culto: a porta de comunicação “em arco de capela”, de onde pendia “uma pesada lâmpada de
Renascença” conferindo maior solenidade. Com o sol, o quarto “resplandecia como (…) um tabernáculo. Carlos mostrava-se indiferente aos presságios, inconsciente e distante, mas Maria
Eduarda impressionava-se ao ver a cabeça degolada de S. João Baptista, que foi degolado por tem denunciado a relação incestuosa de Herodes, e a enorme coruja a fitar, com ar sinistro, o sei leito de amor”, lembre-se que a coruja é considerada uma ave de mau agoiro, que surge aqui para vaticinar o futuro sinistro para este amor). O ídolo japonês que há na Toca remete para a sensualidade exótica, heterodoxa, bestial desta ligação incestuosa. Os guerreiros simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião, e os troféus agrícolas, o trabalho que teria existido na família Maia (e no
Portugal). Os dois faunos simbolizam os dois amantes numa atitude hedonística e desprezada de tudo e de todos. Na primeira noite de amor entre