Tivemos ao longo dos ltimos anos uma pol tica de educa o que privilegiou o ensino b sico

Tivemos ao longo dos últimos anos uma política de educação que privilegiou o ensino básico. Um conjunto de dispositivos foram criados para regular a educação (os preciosos Parâmetros Curriculares Nacionais) e ocorreram um aumento substancial na oferta de ensino básico a todas as crianças e adolescentes brasileiros.
Avanços vêm ocorrendo ao longo dos anos no que diz respeito a gestão de ensino no Brasil. Podemos situar alguns como, por exemplo: em 1970 apenas 67% das crianças, em idade escolar, estavam efetivamente matriculadas, a situação em 2002 era de cerca de 97% das crianças nos bancos escolares. Na última década, ocorreu uma progressiva queda nas taxas de analfabetismo, decorrentes do processo de universalização do atendimento escolar, embora isso não tenha acontecido de forma homogênea em todo país. Destaca-se ainda o crescimento sistemático das taxas de escolaridade média da população, que se deve à redução das taxas de repetência nas séries iniciais e uma tendência moderada de redução do tempo médio de conclusão do ensino fundamental.
Porém, é preciso mais. Hoje, há uma grande expectativa na sociedade brasileira de que a educação se posicione na linha de frente contra as altas taxas de desigualdade presentes em nosso país, contribuindo para a construção da cidadania, não como meta a ser atingida no futuro, mas como prática efetiva e imediata. Embora não seja desprezível o esforço na conquista da universalização do acesso, temos um enorme desafio sobre o qual ainda patinamos: a baixa qualidade do ensino e aprendizagem.
É aqui que podemos falar em risco de retrocesso na política de educação básica, o que é profundamente perverso: as políticas no Brasil precisam de continuidade e, sobretudo, de prioridades. A continuidade e o avanço tornaram-se demasiados lentos para um país com desigualdades sociais e déficits educacionais insuportáveis. A criação do Fundeb, em substituição ao Fundef, pode ser uma iniciativa assertiva em viabilizar a educação básica, porém