Tipos de conhecimento
As coisas que nós conhecemos formam uma coleção enorme e muito heterogênea. Nós dizemos que conhecemos pessoas, lugares, eventos, fatos. Afirmamos saber porque coisas acontecem, quem realizou determinada ação, quando um certo evento ocorreu, como certas coisas são possíveis. Dizemos que sabemos como fazer coisas, como andar de bicicleta ou provar o teorema de Pitágoras. Frequentemente, nosso conhecimento não é fácil de ser expresso verbalmente. Uma pessoa pode mostrar que sabe o caminho para a biblioteca simplesmente pegando o melhor caminho cada vez que quer chegar lá. Pensamos que os animais sabem coisas
(um cachorro sabe encontrar o caminho de casa, um gato sabe que há comida na tigela).
Face a essa enorme variedade, os filósofos tentaram colocar alguma ordem distinguindo diferente tipos de conhecimento. Tradicionalmente, são distinguidos três tipos de conhecimento.1
A primeira forma a ser distinguida2 é aquilo que podemos chamar de conhecimento como habilidade (ou performance), como um “saber fazer” (knowing how). Exemplos de tal forma de conhecimento são o saber falar português, o saber andar de bicicleta, o saber engatinhar. Essa forma de conhecimento pode ser admitida mesmo entre os animais: quando dizemos que um pássaro sabe como construir um ninho, estamos falando de conhecimento como habilidade. Tal conhecimento não precisa vir acompanhado da capacidade do sujeito de justificá-lo, nem mesmo de pensá-lo.
Todos sabemos, por exemplo, engatinhar, ou falar português, mas isso não implica que sejamos capazes de descrever corretamente cada movimento que uma pessoa faz ao engatinhar, ou de expor as regras que aplicamos quando falamos português.
A segunda forma de conhecimento que costuma ser distinguida é o que poderíamos chamar de conhecimento de particulares (knowing of). Trata-se do conhecimento de coisas, de pessoas, de locais etc., basicamente, daquilo que podemos identificar como ocupando determinada região do