Tica Paternalista Crist
Os senhores feudais, seculares e os eclesiásticos precisavam de uma ideologia que legitimasse a estrutura de poder e a hierarquia feudal. A coesão do sistema feudal só foi possível graças à aplicação de uma versão medieval da tradição judaico-cristã, que ficou conhecida como ética paternalista cristã.
Esta ética consistia em obrigações paternalistas baseando-se no princípio de que o pai cuidava do filho, ou seja, o detentor do poder deveria cuidar dos menos favorecidos. A base para tal doutrina estava presente no velho testamento, onde os judeus consideravam-se filhos de um mesmo Deus, sendo portanto irmãos.
Além disso a ética paternalista cristã pregava também contra a ganância, egoísmo, ânsia de acumular riquezas e demais motivações materialistas e individualistas.
De forma geral os homens ricos eram moralmente obrigados a agir de modo paternalista, administrando seus negócios e promovendo o bem estar dos demais.
Vale salientar que a ética paternalista cristã tinha um caráter anti-capitalista na medida em que as relações econômicas e sociais que caracterizavam o sistema feudal eram baseados em uma ordenação natural e eterna emanada de Deus.
Assim, a ascensão social era impossível, na medida em que a ordem natural estabelecia quem seria rico e quem seria pobre.
Uma das principais características de tal sistema era o “justo preço”. O “justo preço” era simplesmente a obrigação moral de não auferir lucros no comércio de mercadorias.
Um indivíduo que comercializasse determinada mercadoria, deveria comercializa-la por um preço que compensasse tão somente os esforços na sua produção, transporte, etc., e propiciasse apenas a manutenção tradicional e costumeira de sua vida.
Assim, a ética paternalista cristã foi um verdadeiro freio do sistema feudal, não permitindo os valores capitalistas básicos, como maximização dos lucros, acumulação de riquezas e progresso social e econômico.