TEXTO I 5 C
A vida é algo "complicado" de se viver. É preciso ter "boa vontade" ou nunca se sairá da "estaca zero". Eu sou uma pessoa que costumava dizer que não aprendia com os erros alheios, gosto de cair, sentir a dor, para poder me levantar mais forte. Mas a vida acabou querendo me ensinar sem precisar cair. Não foi uma maneira fácil de aprender, mas digamos que foi valiosa.
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Cresci arrodeada de pessoas ganaciosas, daquelas que vivem para o dinheiro, para juntar, obter propriedades e jóias. A minha avó era assim. Passou a vida inteira vivendo para o trabalho e para o dinheiro que recebia. Dizia que, ao se aposentar, aí sim, aproveitaria a vida. Mas ela não sabia que a vida também é traiçoira, e a sua aposentadoria acabou sendo forçada devido a um câncer. E o câncer acabou tomando-lhe os três últimos anos de sua vida e, ao invés de aproveitar a aposentadoria "vivendo", "aproveitou" lutando pela vida.
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Não foi fácil ver aquela mulher tão forte, sempre tão decida desistindo de viver. Não foi fácil ouví-la pedir a Deus que trocasse a sua vida pela de seu neto, que também estava doente. Não foi fácil vê-la morrer com o passar dos dias, mas confesso que foi uma verdadeira lição que levarei por toda minha existência.
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Nos dias que passou no hospital, poucas foram as visitas que recebeu, e isso se deu, por nunca ter procurado e nem cativado amigos. Os "amigos" que tinha eram apenas ligados a algum interesse. Não sabia o que era amizade, o que era a mão de um amigo ou um ombro acolhedor. Nunca fora de 'sair com as amigas', preferia ficar em casa, assinstindo a novela.
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Jóias? Ela tinha demais. Inúmeras. Jóias que nem sequer lembrava a existência, mas as tinha, e isso a fazia sentir-se bem. O seu guarda-roupas era enorme e cheio dos mais variados modelos, mas as roupas que usava eram sempre as mesmas, as que ficavam em uma pequena parte daquela imensidão. Os produtos de beleza também eram em grandes quantidades. Alguns com a data de validade