Texto Rápido
De repente a terra deslizou debaixo das pedras e penedos e toda a montanha mexeu. Aos olhos de quem via, o corpo, o chão, as casas, tudo tremia. Ouvia-se um barulho, parecia um trovão, ou a montanha a tentar falar. O céu estava limpo, mas o vento era frio, e a montanha “calou-se”. As pessoas da aldeia perguntavam-se o que seria, os merceeiros vieram à porta e os homens do café também vieram espreitar. As mulheres recolheram-se para a lareira com o intuito de que viria mais uma trovoada idêntica à da noite anterior. Os pássaros continuavam recolhidos no seu ninho, com medo ao frio, mas instáveis ao barulho. As crianças continuaram a correr nas calçadas da aldeia, com os gorros quase a tapar os olhos e as luvas nas mãos. Do outro lado da montanha, a ondulação do mar não se mexia mais que o normal, nem dois pescadores num pequeno barco, que tentavam pescar o jantar. Voltou a ouvir-se outro barulho, idêntico ao anterior, mas um bocadinho mais forte, as pessoas preocuparam-se, mas não deram grande importância e o jogo da sueca continuou no café. As árvores na montanha e nos jardins das casas abanavam muito com o agitado vento frio. Começou a ouvir-se um barulho muito forte, como se fossem coisas a partir-se. Um pedregulho caiu montanha a baixo e abalou umas quantas árvores. Os aldeões que passavam na rua ouviram o barulho. Logo de seguida caíram mais três ou quatro pedras atrás. Na aldeia as pessoas saiam de novo dos seus aposentos e comentavam e olhavam, em todas as direções, a tentarem aperceber-se do que se tratava. As crianças continuavam a brincar, sem se aperceberem de nada. Algumas pessoas nem ligavam ao ruído depois da trovoada e dos ruídos anteriores. À medida que o barulho aumentava, as árvores da montanha eram apedrejadas, as pedras tendiam a cair cada vez com mais velocidade e ganhavam embalo com a inclinação da montanha. Algumas pessoas começavam a ver uma estranha diferença na montanha. As águas das chuvas da noite anterior ajudavam a que a