Texto para aula 3 pol ticas afirmativas e racismo no Brasil
Políticas afirmativas ampliaram acesso ao trabalho, mas racismo permanece.
(Agência Brasil, 20/11/2014)
Diferenças salariais, maior presença em postos de trabalho precários, exclusão. O acesso e a qualidade da permanência no mundo do trabalho são desafios enfrentados cotidianamente pela população negra, que “vai de graça para o subemprego” e acaba se tornando “a carne mais barata do mercado”, como denuncia a música A Carne, cantada por Elza Soares.
Para quem sofre na pele a discriminação, práticas comuns, como a cobrança de fotos nos currículos, acabam viabilizando essa seletividade que tem como recorte a questão racial. “A sua competência ainda é exposta por meio de uma foto 3x4. E a gente vive, nas entrevistas de emprego, a avaliação mais forte em dois pontos: a cor da sua pele e o
CEP [Código de Endereçamento Postal] da sua casa”,opina Henrique QI, rapper, educador social e morador do Recanto das Emas, no Distrito Federal.
A situação é confirmada pela Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada nesta semana pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese). Ela mostra que a desigualdade entre negros e não negros diminuiu ao longo da última década, mas que o racismo nesse ambiente persiste.
Produzido por meio de convênio com a Fundação Seade, o Ministério do Trabalho e órgãos parceiros no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte,
Fortaleza, Porto Alegre, do Recife, de Salvador e São Paulo, o estudo avalia dados de
2013 e aponta que, na maior parte das cidades pesquisadas, as disparidades permanecem maiores quando o assunto é remuneração ou qualidade do trabalho.
Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, o rendimento médio de negros por hora (R$ 7,98) representou, em 2013, 65,3% do recebido por não negros (R$ 12,22). O percentual era 54,6%, em 2002, e passou para 61,6%, em 2011, e para 63,4%, em 2012.
Embora a diferença tenha diminuído, os negros