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Paola Gentile
Conhecer detalhadamente o território brasileiro foi um dos grandes objetivos de vida de Aziz Nacib Ab’Saber. Ao longo de 75 anos — 58 deles ligados ao estudo da Geografia e da Geomorfologia — ele não só conheceu cada palmo de nosso chão como ajudou a descobrir e a classificar o relevo, relacionando-o com sua história, sua economia e sua gente. Tornou-se uma das vozes mais respeitadas em Geoecologia.
Professor emérito e membro do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP), ele acredita que uma educação eficiente só é possível quando o aluno tem intimidade com o lugar onde mora. Filho de um imigrante libanês e natural de São Luiz do Paraitinga (SP), Aziz Ab’Saber relembra nesta entrevista a importância que alguns professores tiveram na sua vida e conta histórias de suas viagens.
NOVA ESCOLA> Um dos papéis da educação é formar cidadãos. Como a Geografia pode ajudar?
Aziz Ab’Saber< A educação é o meio pelo qual a criança se integra ao processo civilizatório e à sociedade. Ela deve ter três bases: o domínio do saber acumulado, as oficinas de talentos e o conhecimento da região. É aí que entra a Geografia, com sua capacidade de ajudar o aluno a entender o local onde vive. Só assim ele poderá, mais tarde, atuar sobre esse ambiente. Por isso, todo professor precisa dominar seu entorno, sua população e seus problemas. Não basta saber o be-a-bá e usá-lo em leituras inconseqüentes de velhos livros didáticos.
NE> O que são as oficinas de talento?
Ab’Saber< São espaços didáticos cuja função é estimular as crianças em algumas direções. Eu insisto que o foco da educação deve ser o estudo de soluções para problemas regionais. Na beira do Amazonas, é fundamental pensar na melhor forma de navegá-lo; no sertão do Nordeste, cabe às oficinas refletir sobre como conseguir água o ano todo. No Pantanal, a questão é estimular as