Teologia cristã
Não há dúvida de que a teologia cristã tem sua origem na pessoa e obra de Jesus Cristo. Por isso, qualquer teologia que se constitua sobre qualquer outro fundamento que não seja Cristo não pode ser reconhecida como legitimamente cristã. Por outro lado, o Messias não veio com o objetivo de entregar a humanidade mais um sistema teológico ou uma nova escola de pensamento filosófico. Pelo contrário, ele veio para anunciar as verdades do reino de Deus e entregar, sim, o seu corpo e sangue para redimir aqueles que nele creem. Se realmente é assim, então, como deveríamos entender o contraste entre o fato de que o próprio Cristo não elaborou nenhuma teologia nem escreveu tratados teológicos e o fato de que a teologia cristã tem sua origem na pessoa e obra de Jesus Cristo?
Podemos dizer que a teologia cristã tem sua origem em Jesus Cristo, sem com isso afirmar que Cristo tenha sido o primeiro teólogo ou que ele tenha iniciado de alguma forma a teologia cristã. Ou seja, a teologia cristã tem sua origem em Cristo, mas não inicia com ele. Esse argumento, naturalmente, não ignora a necessidade que a teologia cristã tem de estar atrelada a pessoa e obra de Jesus Cristo. Muito pelo contrário, tal argumento sustenta que aquilo que dá origem a teologia cristã — Cristo e sua obra — é necessário para a própria constituição da teologia. Porém, isso não quer dizer que a pessoa e obra de Jesus devam ser reduzidas ao status de marco histórico inicial da teologia. Fazemos essa distinção, porque cremos ser perigoso nivelar o discurso de Jesus ao discurso dos teólogos: é inegável que Jesus foi um verdadeiro mestre da palavra de Deus. Mas isso não significa que ele tenha sido um teólogo tal como geralmente concebemos. Ele sequer pretendeu nos entregar um tratado de teologia. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais a comunidade cristã tem afirmado ao longo dos séculos que Cristo foi e continua sendo mais do que um teólogo