Tecnologia à serviço da desinformaçāo
Júlia Coimbra
A evolução tecnológica aumentou consideravelmente a velocidade da difusão de informações. Somos distraídos facilmente pela enorme quantidade de estímulos que recebemos dos diversos meios de comunicação hoje existentes. Assim, o excessivo número de informações obtidas pela sociedade torna, cada vez mais, difícil a apuração e o aprofundamento dos assuntos abordados nas matérias jornalísticas.
A superficialidade com que alguns jornais abordam as notícias é um dos fatos expostos pelo jornalista Ricardo Noblat em seu livro “A arte de fazer um jornal diário” (Contexto, São Paulo, 2002). Ele, que trabalhou em alguns dos maiores veículos de informações do país, afirma que o fato do jornal reproduzir as notícias de forma não imediata deveria acarretar no aprofundamento dos assuntos tratados.
Historicamente a população sempre deu muita credibilidade ao jornalismo impresso. Ele era a principal fonte de conhecimento dos fatos do cotidiano. No entanto, com o surgimento do rádio e posteriormente da televisão, o jornal impresso deixou de ser a única forma de propagação de noticias.
Os jornais passaram a ser claramente influenciados pela televisão e entraram em uma disputa de audiência desigual. Noblat critica e salienta que essa competição não deveria existir, pois a “TV” propõem valores meramente lucrativos que contrastam com a função social do jornal, já que esse deveria ser um espelho da consciência critica da sociedade.
Ele expressa ainda, ao longo do livro, a preocupação com o futuro dos jornais. Os desafios para manter esses veículos em destaque são muitos. O custo elevado, a falta de sensibilidade de jornalistas na apuração de conteúdos publicados e a má administração por parte dos donos dos jornais estão levando a mídia impressa ao que Noblat chama de uma “crise feia”.
A diminuição do número de circulação e de leitores leva a crer que é preciso a reinvenção dos jornais. Para ajudar a traçar o “jornal ideal”,