INTRODUÇÃO O império romano foi um Estado militar. Antes de Augusto, os romanos eram guerreiros, depois de Augusto, governaram o mundo. O caminho desde a legendária fundação da Cidade das Sete Colinas em 753 a.C. até o império mundial romano é uma sucessão de guerras de conquista e, ao mesmo tempo, a legitimação de um nacionalismo fundamentado, desde os primórdios, no poder da autoridade. Até mesmo os deuses estavam sujeitos aos ditames do Estado. A localização de seus principais santuários não era determinada pela tradição, mas pela república. Antes das legiões romanas capturarem uma cidade inimiga, os seus deuses eram requisitados numa cerimónia religiosa, a evocatio (chamado), para que abandonassem as cidades sitiadas e se mudassem para Roma, onde poderiam contar com templos mais grandiosos e maior respeito. Desse modo, o santuário de Diana foi deslocado da cidade latina de Arícia para o Aventino, e a Juno Regina dos etruscos foi “recolocada” no Capitólio, vinda de Veio. Da mesma forma, Minerva, uma sucessora da Palas Atena grega venerada na cidade etrusca de Falério, chegou a Roma, onde se juntou a Júpiter e Juno como o terceiro membro da mais alta tríade de deuses romanos na colina do Capitólio. Roma ainda hoje a recorda, na Igreja de Santa Maria sopra Minerva, edificada no século VIII. Os Ludi Romani, as mais primitivas das festividades religiosas oficiais onde se apresentavam espetáculos, também eram consagrados à tríade Júpiter, Juno e Minerva. O próprio nome indica que a adoração aos deuses tinha de dividir as honras com a glorificação da cidade que desabrochava, a urbs romana. Como disse Cícero, o segredo da dominação romana residia em “nossa piedade, nossos costumes religiosos e em nossa sábia crença em que o espírito dos deuses governa todas as coisas”. A religião do Estado havia se apossado da hierarquia dos deuses olímpicos da Grécia, com poucas mudanças de nomes, mas nenhuma modificação maior de caráter. Às margens do